O livro Ratos de Salão foi editado pelo Edusp em 2010 e lançado na abertura do Salão Internacional de Humor de Piracicaba.
A melhor definição dos personagens e da tira acho que foi a que fiz na abertura do livro:
Não sei bem de quem foi a culpa...
Nunca tinha feito nenhuma tira antes de 2003. Tinha tentado, é lógico, mas era extremamente difícil colocar em um espaço tão pequeno uma situação, uma idéia ou uma piada.
Participava de salões de artes gráficas desde 1993 e tinha uma predileção pelo Salão de Piracicaba, não pelo fato de ser o mais importante ou o que talvez por isso devesse pagar mais. Era simplesmente por que morava ali, respirava o ar do salão todo ano e achava legal mostrar algo que fazia lá.
Sempre enviava histórias em quadrinhos. Idéias contadas em um espaço infinitamente maior que o das tiras, porém em 2003 o regulamento do salão mudou. Agora não existia mais a categoria quadrinhos e em seu lugar foi criada a categoria de tiras.
Eu tinha ganhado de 1993 até 2002 quatro prêmios no Salão. Um segundo lugar, um Grande Prêmio do Salão, e dois Primeiros Lugares. Todos na categoria Histórias em Quadrinhos!
Acho que foi daí que veio a idéia dos Ratos de Salão. No início nem era esta a idéia da tira. Pensei em inúmeras soluções. Tiras de política, humor, cotidiano... Era extremamente difícil pensar em qualquer idéia no pequeno espaço das tiras.
Foi dessas tentativas que veio a iluminação. A revelação do óbvio.
O que para mim era um assunto do cotidiano? Sobre o que eu podia falar, fazer comentários e críticas com algum conhecimento de causa? Nesse momento percebi que se respondesse esta questão, poderia fazer uma tira que fosse pessoal e íntegra.
Uns anos antes havia participado de uma exposição intitulada “Ratos de Salão”. Era uma exposição de artistas premiados em diversos salões. Lá estavam grandes cartunistas, chargistas, caricaturistas e quadrinistas que ganhavam prêmios em todo mundo, eram verdadeiros “ratos de salão”, pessoas que adoravam a competição e a participação em eventos. Veio daí a idéia do título da tira.
Os personagens principais seriam estes ratos (no bom sentido) e seu contraponto seria a figura do crítico de artes, nada mais natural que fosse o gato. Como parte da crítica ao universo artístico foi introduzida a figura do penetra, a pessoa de fora “do meio”, o intruso, a barata. Estava criada a tira.
Em 2004 fui cursar artes plásticas na Escola de Comunicação e Artes da USP. Foi jogar o sapo na água!
Em meio ao curso fui coletando material para as tiras. Quantas tiras não nasceram das aulas de história da Arte, Perpectiva, Pintura e de tantas outras? E o convívio com os colegas e artistas? Foi um banquete de idéias.
Os ratos de salão se aprofundaram e adquiriram mais consistência. Na verdade relendo hoje as tiras não posso deixar de ver características minhas e de minha vida nos ratos, nos gatos e nas baratas e em grande parte acho que são eles os verdadeiros culpados pelo nascimento da tira, eu só estou aqui por que tive um péssimo advogado...
Ratos de Salão
